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Até quando a injustiça vai prevalecer, Senhor?


Frank Castle é o Justiceiro. Criado em 1974 por Gerry Conway, Ross Andru e John Romita, o personagem surgiu nas histórias do Homem-Aranha. Fez tanto sucesso que ganhou revistas próprias e três filmes.

Frank Castle foi fuzileiro naval, lutou na Guerra do Vietnã e defendeu os interesses dos Estados Unidos da América numa centena de conflitos. Foi capacitado para se tornar uma máquina de matar. Virou herói de guerra. E se tornou uma vítima dela. A família de Frank foi brutalmente assassinada depois de testemunhar um crime.

Por conta disso, ele abandonou sua identidade civil e ressurgiu como o Justiceiro, carregando uma caveira no peito. Esse personagem impiedoso cruzou a linha que poderia existir entre o heroísmo e a violência desnecessária. Declarou guerra ao crime organizado e ultrapassou todos os limites possíveis nessa missão.

Se você se impressiona com qualquer excesso dos batalhões de polícia do Brasil, precisa conhecer o Justiceiro. Se ele entrasse para o BOPE, não ia ameaçar um meliante uma vez sequer. Partiria para a execução direta. Porque, para ele, não há misericórdia, não há redenção, não há segunda chance. Só vingança.

Às vezes, eu gostaria de ter o Justiceiro ao meu lado. Ele me faria companhia no trânsito até o trabalho. Imagino-o interceptando os carros que ultrapassam pela direita, tirando pela janela os motoristas que não esperam a sua vez, forçando passagem a qualquer custo. Talvez ele até invadisse os ônibus e caminhões para acertar as contas com os motoristas que não possuem o mínimo de prudência e senso de segurança.

Eu também levaria o Justiceiro para um passeio nos lugares onde as drogas são consumidas livremente, nas lojas onde o contrabando é vendido como mercadoria oficial, nos barracos onde trabalhadores são explorados em condições subumanas e até nos estádios de futebol onde cambistas usurpam o direito alheio.

Eu ainda apresentaria ao Justiceiro os chefes de recursos humanos de algumas empresas. Revelaria a ele a exploração à qual operários são submetidos, a má distribuição do lucro, a falta de oportunidades de crescimento nas carreiras. E o Justiceiro também iria visitar os órgãos públicos, as igrejas, os hospitais e as favelas. Os dias seriam curtos demais. E os cemitérios insuficientes.

A bem da verdade, eu não queria o Justiceiro do meu lado. Eu queria mesmo era Deus nesse papel do Justiceiro. Eu queria Deus manifestando sua justiça e ira sobre essas e outras situações. Eu queria, ao menos, que Deus ferisse essas pessoas e colocasse senso de justiça em seus corações. Eu queria Deus rasgando os céus e jogando carros para longe, mostrando às pessoas que estão agindo de forma errada.

Eu queria Deus agindo de forma impiedosa contra os maus, contra a desigualdade social e contra a desordem que reina ao meu redor. Sei que esse sentimento não é exclusivamente meu. Estou ao lado de Davi:

Os ímpios, na sua arrogância, perseguem furiosamente o pobre; sejam eles apanhados nas ciladas que maquinaram. (...) Quebra Tu o braço do ímpio e malvado; esquadrinha a sua maldade, até que a descubras de todo.” (Salmos 10.2,15)

Levanta-te, Senhor, detém-nos, derruba-os; livra-me dos ímpios, pela tua espada.” (Salmos 17.13)

Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios exultarão?” (Salmos 94.3)

É isso, aí, Senhor. Até quando? Parece que não há ordem e justiça nesse mundo...

Então eu me envergonho porque me lembro de Jesus Cristo. E sobre um monte chamado justamente “caveira”, Ele foi levantado numa cruz e venceu a morte.

Com Ele, aprendemos a história dos trabalhadores da vinha. Contratados para o mesmo serviço, por diferentes cargas horárias, todos receberam o mesmo valor como pagamento – conforme havia sido combinado. É claro que os homens que pegaram no batente no começo da manhã se esforçaram mais – e se revoltaram.

Mas se o dono da vinha queria pagar mais aos homens que só se empenharam por uma hora, qual o problema? E se o ladrão que estava na cruz só conseguiu o perdão e aceitou a Salvação divina nos instantes finais de sua vida... Qual o problema? Não é isso, enfim, a graça? Receber aquilo que não merecemos?

Eu sei que Frank Castle, o Justiceiro, já teria matado o dono da vinha e assassinado o ladrão antes que ele chegasse à cruz. Contudo não é assim que Deus age. Presente ao meu lado, sim, Ele espera a minha misericórdia sobre a maldade e o meu esforço para trazer justiça, ao mundo.

Mas pelo amor. Sem raiva. Sem vingança.

Fonte: http://kedsonni.blogspot.com/

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