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Não Exagere nas críticas


Por Gary Chapman

Os casais que não têm um sistema para pedir mudanças, geralmente acumulam uma porção de queixas até a pressão se tornar intensa demais e provocar uma erupção de críticas destrutivas. O marido diz: — Por que é tão difícil anotar a data e o valor dos cheques no talão? Queria ver você fazer as contas com um talão em que metade dos cheques são de não sei quanto e para não sei quando.
Depois da saraivada inicial, ele continua:

— Mais uma coisa. Por que você bagunça tanto a escrivaninha? Não consigo encontrar nada. E por falar nisso, você esqueceu o portão da garagem destrancado de novo hoje cedo. Aliás, custa pegar a correspondência quando estou fora? As vezes volto de viagem e a caixa de correio está abarrotada.
Essa overdose de críticas quase nunca tem um resultado positivo.

Hostilidade gera hostilidade. O excesso de palavras provocadoras e condenatórias provavelmente fará seu cônjuge revidar.

— Pois fique sabendo que você também não é perfeito. Não posso contar com você para nada. Prometeu comprar um moletom de lembrança para mim na última viagem e se esqueceu de novo. Aliás, estou cansada de fazer tudo sozinha em casa.

Você não levanta um dedo para me ajudar. Eu não sou sua escrava, entendeu? E não sei como tem a coragem de reclamar que esqueci o portão aberto se você nunca fecha as gavetas do armário.

Esse tipo de conversa não produz nada construtivo. O marido atacou, a esposa revidou e cada um foi para seu canto, magoado e defensivo. Nenhuma mudança para melhor pode ocorrer num ambiente como esse. 

Esse número exagerado de críticas destrói a motivação para mudar.

Lembro-me de um marido que veio conversar comigo vários anos atrás e começou dizendo:

— Não vim aqui para fazer aconselhamento. Vim para dizer que estou me separando de minha esposa. Queria que você soubesse por mim. Quando eu for embora, com certeza ela vai telefonar para você, pois ela o respeita. Estamos casados há oito anos e não me lembro de um único dia em que ela não tenha me criticado. Ela critica meu penteado, meu jeito de andar, de falar, de vestir e de dirigir. Não gosta de nada em mim. Con-cluí que, se eu sou assim tão horrível, ela merece algo melhor.

Mais tarde, no mesmo dia, a esposa telefonou para meu consultório. Conversei com ela sobre aquilo que o marido havia dito. Ela começou a chorar e disse: — Eu só estava tentando ajudá-lo.
Tentando ajudá-lo? Ela acabou com ele. Ninguém tem estrutura emocional para lidar com uma overdose de críticas. Todos nós desejamos alguma mudança no cônjuge, mas o excesso de críticas não é o meio de consegui-la.

Sugiro que você nunca faça mais de um pedido de mudan¬ça por semana. No total, são cinqüenta e dois pedidos por ano, e esse número deve ser mais do que suficiente. Algumas pessoas são emocionalmente frágeis demais para lidar até com um pedido por semana. Nesse caso, não faça mais do que um pe¬dido a cada duas ou três semanas.

Quando você começar a desenvolver a arte de fazer pedidos, talvez seja interessante alternar as semanas com seu cônju¬ge. Numa semana você pode fazer uma sugestão, na semana seguinte, é a vez do outro. Aliás, nas semanas de "folga", sugiro que você convide seu cônjuge a compartilhar algum aspecto em que ele gostaria que você mudasse. Quando vocês estiverem em casa à noite, depois do jantar, você pode dizer: "Que tal se hoje você me pedir algo. Diga-me uma coisa que me tornaria um marido / uma esposa melhor". Como foi você quem iniciou a conversa, seu estado emocional já é adequado; resta apenas escolher o melhor lugar e hora para pedir ao cônjuge que lhe sugira algum aspecto em que você pode melhorar.
Pessoalmente, consigo lidar com um pedido de minha esposa por semana, desde que seja feito depois de uma refeição, em particular e quando eu estiver me sentindo emocionalmente estável. Desejo ser um marido melhor e posso me dedicar a uma coisa por semana. Mais do que isso, eu me sinto sobrecarregado. Se receber uma overdose de sugestões, provavelmente não farei mudança alguma.

Talvez você tenha sido criado numa família excessivamente crítica. Seus pais lhe diziam todos os dias o que você estava fazendo de errado e o que precisava mudar. Raramente faziam um elogio, mas não faltavam reprovações. Agora que você é uma pessoa adulta e casada, talvez esteja exagerando nas críti¬cas ao cônjuge sem perceber, pois esse é seu padrão de comportamento desde a infância. Pode ser interessante perguntar ao cônjuge: "Eu sou crítico demais?". Se a resposta for sim, pode ser uma boa idéia você pedir perdão e explicar que não havia percebido. Depois de limpar a área, combine com seu cônjuge de se limitar a sugerir apenas uma mudança uma vez por semana (ou uma vez a cada duas semanas). Evidentemene, seu cônjuge também poderá fazer sugestões.

Para alguns casais, a seguinte técnica é bastante útil: se um cônjuge fizer mais de um pedido na mesma semana, o outro simplesmente mostra dois dedos e diz: "Meu bem, esse já é o segundo...". Combinem de deixar o segundo pedido para a semana seguinte. Se você tiver uma porção de coisas que estão perturbando, anote-as e, a cada semana, escolha uma. Aprender a limitar o número de pedidos aumenta a probabilidade de mudança. Quando a pessoa se vê sobrecarregada de críticas, a tendência é ressentir-se ou ficar com raiva, duas emoções que não promovem mudanças. Quebrar o círculo vicioso de críticas excessivas pode salvar seu casamento.

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