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Carta de John Wesley a um pregador preguiçoso



CORK, 17 de agosto de 1760.


Meu caro irmão,
A conversa que tivemos ontem à tarde deu-me muita satisfação. Quanto a alguns boatos que ouvi, (em relação a dissipar os seus haveres e ser perdulário, beber imoderadamente e comportar-se indevidamente para com os pobres habitantes de Silberton), estou convencido de que são equívocos; o que eu suponho é que conversa muito com pessoas descuidadas e insensíveis. E espero que tenha cada vez mais cuidado em relação a todos estes fatos, abstendo-se da própria aparência do mal.

Que nem sempre se aplicou à pregação quando poderia ter feito, você mesmo admitiu, mas parecia determinado a remover esta objeção, assim como a outra, de usar exercícios ou divertimentos que causavam ofensa aos seus irmãos. Creio que igualmente se esforçará para evitar conversas frívolas e levianas, e a falar e se comportar na frente de todos com aquela seriedade e oficiosidade que convém a um pregador do Evangelho.

Claramente, alguns anos atrás, você estava vivo para Deus. Você experimentou a vida e o poder da religião. Não será que Deus pretende que as provações às quais se sujeitou não o trouxessem de volta a isto? Você não pode ficar parado; você sabe que isto é impossível. Você deve avançar ou retroceder. Ou deve recuperar esse poder, e ser um cristão completo, ou em pouco tempo não terá nem poder nem aparência, dentro ou fora.

Radicalmente contrário a ambos é essa capacidade de ridicularizar os outros, torná-los insignificantes, por expor suas reais ou supostas fraquezas. Isto eu seriamente aconselho você a evitar. Prejudica você, prejudica os ouvintes, e enormemente prejudica aqueles que são assim expostos, e tende a torná-los seus inimigos irreconciliáveis. Algumas vezes também tem sido traído por falar o que não era exatamente verdadeiro. Ó, acautele-se disto acima de tudo! Nunca aumente, nunca exagere alguma coisa. Seja inflexível no apego à verdade. Seja exemplar nesse ponto. O que quer que tenha sido no passado, que todos saibam agora que John Trembath abomina a mentira, que ele nunca promete algo que não cumpre, que sua palavra equivale a um compromisso. Peço que seja diligente nisto. Seja exemplo de verdade, sinceridade e simplicidade religiosa.
O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na pregação não se desenvolve. Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso, mas não é profundo; há pouca variedade; não há seqüência de argumentos. Só a leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso. Você nunca poderá ser um pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no início é tedioso, será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore diariamente. É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será, sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador. Faça justiça à sua própria alma; dê-lhe tempo e meios para crescer. Não passe mais fome. Carregue a sua cruz e seja um cristão no verdadeiro sentido da palavra. E então, todos os filhos de Deus se regozijarão (e não se afligirão) consigo; e, particularmente,
Atenciosamente, etc.
John Wesley

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