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O que é família segundo a bíblia ?


O dicionário Houaiss recente alterou em seu dicionário o significado do verbete "Família" tendo como objetivo criar um verbete sem preconceito e limitações. 

Segundo o dicionário a ideia é abranger as novas configurações familiares e servir como contraponto ao Estatuto da Família, aprovado em outubro do ano passado pela Câmara dos Deputados. Usando uma campanha publicitária pedindo sugestões do público. 


Diante disso vamos analisar segundo a bíblia a definição de família.

Na sociologia, uma “instituição” é um padrão estabelecido da vida social. Os sociólogos costumam identificar cinco instituições: (1) o governo, (2) a economia, (3) a educação, (4) a religião e (5) a família. Mas, em maior grau que qualquer outra instituição, a família incorpora todas as funções de uma sociedade. Ela manifesta os padrões de autoridade e organização (governo). Ela recebe e dispensa fundos (economia). Ela ensina habilidades e conhecimento (educação) e alguma forma de devoção (religião). A família é, portanto, a unidade básica da sociedade. As famílias são necessárias na vida pessoal e social. Não surpreende, portanto, que mais de 95% das pessoas se casem. E, apesar de algumas diferenças de forma, o casamento e a família são fundamentais em todas as culturas conhecidas. 


 Na Bíblia, a primeira vez que aparece a palavra família (mishpachah em hebraico) é em Gênesis 24.38, no registro do servo de Abraão fazendo um relatório do motivo pelo qual estava na casa de Betuel, sobrinho de Abraão. Apesar de ser uma citação tão distanciada da criação, isto não quer dizer que a família só começou a existir séculos depois da criação, porquanto percebemos que faz referência a uma instituição social que existiu desde os primórdios da criação: um núcleo de pessoas com ligações consangüíneas, que foram geradas a partir da união de um homem com uma mulher. No caso, Abraão e seu irmão Naor foram gerados à partir de Tera e sua mulher (Gen 11.27), juntamente com outro irmão, Harã, e outras irmãs. Naor gerou Betuel que gerou Rebeca e outros filhos (Gen 24.24). Abraão havia se referido aos seus familiares, como sendo a sua parentela (Gen 24.4). 


Os últimos anos têm provocado mudanças radicais na vida familiar da maioria dos países do Ocidente. Nos Estados Unidos, o número de famílias com presença única do pai ou da mãe é mais que o dobro do que havia em 1965. Agora, mais de 20% de todas as famílias com filhos têm só um pai ou uma mãe. O índice de divórcio flutua em torno de 5,5 para 1000 (comparado a 2,5 em 1965). Os casamentos duram, em média, menos de dez anos. Há reivindicações ostensivas de casamentos e adoções para homossexuais. 

É evidente que a atividade sexual pré-conjugal é o padrão do mundo. Aproximadamente 70% de todos os universitários relatam ter mantido relações sexuais. Proporção semelhante de pessoas casadas relata infidelidade conjugal. Clamores por uma redefinição da família têm acompanhado essas mudanças. Diante desses clamores, a Bíblia permanece como fonte de constância e esperança (1) ensinando um modelo normativo para a vida familiar, (2) tratando das principais questões que confrontam a família em sua sociedade e (3) fornecendo recursos e orientação para a edificação da família.

Um modelo bíblico de família

A Bíblia reconhece que todas as culturas necessitam da família. A família repõe a população (Gn 1.28). Ela estabelece controle sobre instintos sexuais (1Ts 4.3-6; Hb 13.4). Ela dá identidade a seus membros (Sl 127-3-4). Ela prove treinamento básico para a vida social (Pv 4.1-27).

A prioridade do casamento. A Bíblia confirma com veemência a primazia do casamento como a unidade básica da vida social. Isso é feito de pelo menos três maneiras.

Psicologicamente. O mais fundamental dos princípios do casamento é a complementaridade, a interdependência de homem e mulher na intimidade marital. Esse é um tema importante nos relatos da criação.

Gênesis 1.27 registra que Deus criou “o homem à sua imagem [...] homem e mulher os criou”. Alguns estudiosos entendem que a “imagem de Deus” consiste na união de macho e fêmea. A imagem de Deus parece incluir mais que masculinidade e feminilidade. E, é claro, a Bíblia permite, de acordo com o momento, o celibato (Mt 19.12; 1Co 7.8,32). Entretanto, o casamento é o que permite expressão plena da identidade sexual.

O princípio de complementaridade é mais explícito no relato da criação da mulher: “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18). A solidão do homem não era boa (cf. Gn 1.31), de modo que Deus providenciou uma “ajudadora idônea”. A palavra hebraica traduzida por “idônea” significa literalmente “colocada em oposição a ele para que possa ser comparada a ele”. Isso indica uma correspondência ou uma adequação, uma interdependência de tipos diferentes, mas semelhantes, de pessoas.

A declaração máxima de complementaridade está em Gênesis 2.24: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. No pensamento hebraico, “carne” pode referir-se não só à matéria biológica, mas ao que hoje é chamado “personalidade”. Um casal, portanto, não só se torna biologicamente um, como também emocional, espiritual e psicologicamente um. No casal há um dar e receber mútuo daquilo que está no íntimo deles. Isso explica em parte o eufemismo bíblico de “conhecer” como sinônimo de relação sexual (Gn 4.1; 19.8).

Sociologicamente. O casamento também tem primazia como a unidade social básica. O casamento é uma “ordenança da criação”, não uma ordenança da igreja. Isso significa que o casamento é válido e impõe obrigações para todos, independentemente da fé em Cristo (1Tm 4.3-5).

A Bíblia apresenta o casamento como provisão de Deus para regular e sancionar a atividade sexual (Hb 13.4; Gn 2.24). Isso é crucial para qualquer sociedade. Na Bíblia, todos os privilégios, responsabilidades e consequências da vida sexual são confiados ao ambiente conjugal de compromisso mútuo e aprovação social.

Teologicamente. O casamento é uma relação de compromisso firmado de maneira formal, como demonstram os termos “deixar” e “unir” (Gn 2.24; também Mt 19.5; Mc 10.7; Ef 5.31). Esse compromisso resulta em aprovação social para a união do casamento.

Para os cristãos, o casamento bíblico leva mais adiante o ideal do compromisso. Trata-se de uma “aliança” entre os parceiros (Ml 2.14) e com Deus (Ml 2.10). O casamento cristão deve, assim, ser “no Senhor” (1Co 7.12-16; 2Co 6.14-18). Ele também possui significado teológico, simbolizando a relação de Cristo com a igreja (Ef 5.32).

A família como unidade funcional. A Bíblia usa dois grupos de palavras para descrever uma família. De longe, o mais comum dentre os dois é “casa” ou “família” (grego oikos; hebraico bayit). No Antigo Testamento, ele ocorre mais de mil vezes; no Novo, mais de trezentas.

Com frequência, as palavras referem-se simplesmente a uma habitação. Mas em geral referem-se a pessoas que vivem juntas num relacionamento familiar. Muitas vezes as palavras têm o sentido ampliado, como “a casa de Israel” (Êx 40.38) e “casa de Levi” (Nm 17.8) ou a “casa de Saul” (2Sm 3.1). Às vezes elas denotam uma família nuclear ou imediata (Mc 6.4; 1Tm 3.5).

Essas palavras definem a família de acordo com sua função. Um oikos (bayit) é um grupo em atividade. É um sistema ou um ambiente caracterizado por certas atividades essenciais. A palavra “economia” serve bem como ilustração. Ela vem de oikos e de nomos (“lei”), assim, seu primeiro significado é a lei da família. Em grego, oikonomia denota a gerência ou administração da casa (Lc 16.3).

O oikos (bayit) é uma unidade social a que Deus atribui algumas responsabilidades. Entre elas estão a provisão de necessidades básicas (1Tm 5.8), a criação de filhos (1Tm 3.12), a proteção (Mt 12.25) e a promoção da qualidade de vida para pais e filhos (“edificar a casa”, Pv 24.3). A Bíblia pressupõe que essas tarefas exigem certa ordem estrutural dentro da família e ordem estrutural também no que diz respeito à família na sociedade.

Dentro da família, é preciso que a ordem prevaleça (1Tm 3.5,12; Pv 11.29). A autoridade legítima é reconhecida, mas delimitada com cuidado. O marido é encarregado de liderar a família em amor (Ef 5.24), compreensão e respeito (1Pe 3.7; Cl 3.18-19). A esposa tem a obrigação de respeitar essa responsabilidade de liderança (Ef 5.22; Cl 3.18), de incentivar o marido nessa responsabilidade (Tt 2.4; Pv 31.10-11), mas sem nenhuma sensação de medo ou intimidação (1Pe 3.5-6).

As tarefas de manter e edificar a casa estabelecem desse modo as esferas de responsabilidades básicas. A esfera do marido é a provisão e a liderança para o bem da casa. Em 1 Timóteo 5.8, por exemplo, ele é considerado responsável pelo “cuidado dos seus”. A esfera da esposa é a provisão e a liderança dentro da casa. Em 1 Timóteo 5.14 as mulheres são instruídas a serem “boas donas de casa” (também Tt 2.4-5; Pv 31.27).

A família como unidade relacional. 

O segundo grupo de palavras que denotam “família” é patria (e outra afim, genos), no Novo Testamento (em hebraico, mispabah). Elas ocorrem menos de vinte e cinco vezes no Novo Testamento, enquanto mispahah ocorre no Antigo Testamento cerca de trezentas vezes. Essas palavras destacam as relações que mantêm as famílias juntas, ou seja, o parentesco.

Associações frágeis às vezes chamadas “família” na cultura contemporânea são desconhecidas na Bíblia. A família é formada pelo casamento, depois nascimento ou adoção (Gn 15.3). Pela Bíblia, um relacionamento não é uma ligação emocional. O relacionamento implica um conjunto de responsabilidades exigidas por laços de compromisso (casamento) e sangue (filhos).

Os princípios bíblicos para construir relacionamentos devem ser interpretados nesses termos. A Bíblia mostra pouco interesse em preocupações modernas como capacidade de relacionar-se ou dinâmicas interpessoais. Os relacionamentos familiares repousam principalmente na responsabilidade para com o cônjuge, os filhos, os pais e os parentes (Ef 5.22-6.4).

O conceito de família de nossa sociedade pós-moderna caminha na contramão do ensinamento bíblico. Segundo a Bíblia, uma família é formada de pai, mãe e filhos. A família é uma instituição divina, isto é, algo idealizado e criado pelo próprio Deus. Em outras palavras, a família é uma “invenção” de Deus, e não do ser humano; portanto, permanente e imutável. 

Em Gênesis 1.27,28 está escrito: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos...”.

Fontes:

A Bíblia e a Fé Cristã. pp.906-910.
Josivaldo

Jefferson Sales

2 comentários

Unknown disse...

Conteúdo bom, estou esclarecido. Só o último ponto "família como unidade relacional" é que está menos claro

Unknown disse...

Obrigado! Muito bom o conteúdo.

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