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O Cessacionismo


O cessacionismo quer declarar que os dons milagrosos do Espírito Santo cessaram com a morte dos apóstolos e com a definição do conteúdo do Novo Testamento. Será isso verdade?


Por Gordon Chown

Um dos assuntos levantados, ao lidar com o volume traduzido agora, foi o “cessacionismo,” defendido por um dos participantes do debate. É a teoria de que muitos milagres, bem como dons espirituais, existiam em função da formação do cânon do Novo Testamento – quer dizer que houve um poderoso derramamento de milagres na vida de Jesus, e dos apóstolos, mas que cessou depois de encerrado o cânon do Novo Testamento. A idéia é que os milagres confirmaram a divindade de Cristo (fato este que está fora de dúvida) e, semelhantemente, confirmaram a origem divina da atuação e doutrina dos apóstolos (outro fato inabalável).

Tudo isso concorreu para os registros em todos os livros do Novo Testamento serem reconhecidos como obra legítima e permanente de Deus, parte integrante das Escrituras Sagradas. E isso também é certo. Quando me converti a Cristo, a conversão envolveu a aceitação da inspiração plenária, inerrância e infalibilidade da Bíblia. Inclusive entendo que qualquer conceito da Bíblia que não a reconhece assim, está fora do arraial do cristianismo.

a) Quando cessou a atuação do Espírito na Igreja? Só que é mais difícil entender como o cessacionismo vai explicar em qual momento, uma vez completadas as Escrituras, o Espírito Santo, de quem elas falam e que justamente foi prometido por Jesus à Igreja, antes da sua crucificação e ascensão, especificamente para continuar com os fiéis, para fazer as vezes de Jesus, de ser sua presença real entre nós hoje – quando teria cessado a atuação do Espírito Santo? O cessacionismo quer declarar que os dons milagrosos do Espírito Santo cessaram com a morte dos apóstolos e com a definição do conteúdo do Novo Testamento.

b) Cânon Fechado. A intenção dos cessacionistas parece ser preservar o “cânon fechado” contra novas revelações que se colocariam de encontro com o Novo Testamento que possuímos. Contudo, nenhum crente pentecostal, que eu possa imaginar, está pensando que algum dom de profecia ou de línguas com interpretação vá diminuir, substituir, ou acrescentar à Bíblia que, por si só, é obra do Espírito Santo. Jesus disse, ao prometer a vinda do Espírito Santo aos fiéis, que seria para nosso bem que Ele iria embora. Foi para poder nos enviar o Espírito Santo (Jo 16.7), que estará conosco para sempre (Jo 14.16). E a atuação do Espírito Santo fica semelhante àquela narrada nos Evangelhos e em Atos. “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar o que eu lhes disse”, Jo 14.26. Este texto refere-se ao conteúdo didático. A aplicação de ensinos existentes está em: “Aquele que crê em mim fará também as mesmas obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai”, Jo 14.12. Que é o conteúdo prático, já que o Espírito Santo confirmava com milagres a divindade de Jesus e a doutrina dos apóstolos. Ele continuará com a confirmação dos mesmos fatos, por onde quer que os cristãos levarem a fé.

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Gordon Chown é pastor jubilado e membro da Assembleia de Deus em Jundiaí (SP). Britânico de nascimento e ordenado pela Igreja Presbiteriana, Chown é um dos maiores exegetas vivos do Brasil. É responsável pela tradução e publicação dos manuais de exegese mais usados no país, como, por exemplo, o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo e Novo Testamento (Edições Vida Nova). Realizou Estudos Avançados em Hebraico e Grego na Universidade de Cambridge. É autor do livro Dons do Espírito (Editora Vida) e Gramática Hebraica (CPAD). Trecho de um texto publicado na revista Obreiro (CPAD).

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